Ao pensar sobre o uso da calculadora em sala de aula, sabemos que ela geralmente é utilizada como um instrumento para conferir o resultado de um cálculo realizado. Dessa forma, é muito comum surgirem questionamentos – de professores(as) e coordenadores(as) -, como: “A calculadora ajuda na aprendizagem da Matemática e no desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos?”.
As opiniões podem variar, alguns dizem que sim, outros são totalmente contra o que julgam como “artificios”. Mas para responder essa questão com propriedade é preciso ter embasamento. Afinal, antes de apresentar o resultado final, precisamos entender o cálculo, não é mesmo?
Vamos começar com a nossa base, a Base Nacional Comum Curricular. BNCC é um documento brasileiro, organizado em competências e habilidades, de acordo com o ano de escolaridade e com os eixos: números, álgebra, geometria, grandezas e medidas, probabilidade e estatística.
Como a BNCC apresenta o uso de calculadoras?
Nele, consta que:
“(…) recursos didáticos como malhas quadriculadas, ábacos, jogos, livros, vídeos, calculadoras, planilhas eletrônicas e softwares de geometria dinâmica têm um papel essencial para a compreensão e utilização das noções matemáticas. Entretanto, esses materiais precisam estar integrados a situações que levem à reflexão e à sistematização, para que se inicie um processo de formalização.” (BRASIL, 2017, p.278)
Com base na citação, dá-se a entender que a calculadora pode ser um potencial recurso para a aprendizagem. Entretanto, a calculadora usada apenas como um recurso para conferir cálculos não se remete ao pensar-com-a-calculadora. Esse pensar-com está relacionado ao saber-com, conceitos que o pesquisador em Educação Matemática e especializado em tecnologias digitais, Maurício Rosa, em 2015 abordou a respeito das tecnologias digitais.
Se você observar na BNCC, a calculadora aparece no campo das habilidades atrelada à resolução de problemas. Sendo assim, para que o seu uso seja melhor aceito nas salas de aulas, é necessária uma ação reflexiva que precisa fazer sentido para os alunos(as) e para os professores(as).
Nesse sentido, é possível responder pergunta que nos trouxe até aqui: se a calculadora for utilizada como um recurso (e não como instrumento), ela não pensará pelo aluno, mas sim, o aluno pensará-com-a-calculadora, com o propósito de desenvolver o raciocínio lógico na interpretação e resolução de problemas matemáticos em situações diversas.
Daremos continuidade à discussão a respeito da calculadora e do uso das tecnologias conectadas com o Método da Resolução de Problemas no próximo conteúdo.
Seguiremos compartilhando conhecimentos e novas formas de “pensar-com-a-calculadora” com vocês. Até o próximo conteúdo!
Por: Juliana Çar Stal, professora de Matemática da educação básica e doutoranda em Educação Matemática – UNESP
Referências:
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília, 2017.
ROSA, M. Cyberformação com professores de matemática: interconexões com experiências estéticas na cultura digital. In: ROSA, M.;BAIRRAL, M. A.; AMARAL, R. B. (Org.). Educação Matemática, Tecnologias Digitais e Educação a Distância: pesquisas contemporâneas. São Paulo: Livraria da Física, 2015, p.57-96.